Medicamentos isentos de prescrição no autoserviço

Recentemente pudemos observar a publicação da RDC 41/2012 pela ANVISA, possibilitando a exposição dos OTC´s de volta às gôndolas. Esse movimento da ANVISA, voltando atrás de uma iniciativa recente, demonstra claramente uma retratação à linha de raciocínio que existia relacionada ao risco da automedicação, argumentados naquele momento. Fica claro, sob a ótica da Anvisa, que a exposição dos OTC´s nas gôndolas não expõe o paciente a riscos, seguindo as orientações da própria RDC 41/2012.

A própria ANVISA passou 3 orientações claras com relação à correta exposição dos MIP´s. Resumidamente:

1 – separação dos OTC´s dos demais produtos comercializados no autosserviço;
2 – agrupamento dos mesmos princípios ativos na mesma gôndola;
3 – exposição de cartaz na área da gôndola e visível ao público, alertando sobre os riscos da auto-medicação.
Dessa forma, a ANVISA entende que os OTC´s poderão ser comercializados diretamente no autosserviço.


Muito se fala e se enfatiza sobre a possível diminuição do papel e importância do farmacêutico dentro da farmacia, após a possibilidade da volta dos OTC´s às gôndolas. O atendimento à população acontece naturalmente na área do balcão, e toda a abordagem junto à atenção e assistência farmacêutica pode e deve ocorrer normalmente, independente da exposição ou não dos OTC´s no autosserviço.

Em pesquisa realizada pelo POPAI Brasil em 2006, período onde os MIP´s eram comercializados normalmente no autosserviço, 58% da amostra declara intenção de compra de medicamentos e 33% declara dirigir-se diretamente ao balcão para pedir medicamentos. A pesquisa também conclui, no interesse claro, a abertura com relação a informações sobre os produtos, dicas de saúde, embasados nos princípios da Atenção Farmacêutica. E fazendo um comparativo deste tema com outros países de mundo, o Brasil tem muito que se desenvolver na iniciativa e prática correta.

O consumidor brasileiro, além de declarar fortemente a intenção de compra de medicamentos, possui um comportamento impulsivo de compra, e a disponibilidade do OTC ao alcance das mãos e dos olhos pode resultar em compras “de esquecimento”, lembrando da necessidade de recomposição do estoque de sua farmacinha de casa. Isso é sinônimo de satisfação ao cliente e aumento de vendas para a farmácia.

Sabe-se que após a ida dos OTC´s para trás do balcão, a categoria de Higiene, Beleza e Dermocosméticos acabou corretamente ocupando o espaço nas prateleiras, e agora, com a possibilidade da volta dos OTC´s você deve estar se pergutando: “a gôndola não é elástica, como faço para caber todos os produtos neste momento?”. Diria que este é um bom momento para fazer uma boa análise de sortimento dentro de sua farmacia. Por mais atrativa e rentável que a categoria Dermocosmético possa ser, será que não existem produtos com giro muito baixo, com embalagens grandes, ocupando sua gôndola de forma negativa? Será que produtos OTC´s de alto giro, com menor tamanho na gôndola, não poderá gerar mais margem e rentabilidade para sua farmacia?

O varejo farmacêutico brasileiro ainda tem um campo enorme para evoluir. Não só a análise de sortimento é importantíssima como também o atendimento ao consumidor. Se a Atenção Farmacêutica já estivesse no DNA do varejo farmacêutico, talvez esta polêmica da volta dos OTC´s não teria incomodado tanto como incomodou. Fica aí a dica final após esta reflexão: você tem hoje o mix mais rentável exposto em suas gôndolas? O atendimento a seus clientes está transmitindo confiabilidade e satisfação? Não podemos negar que a excelência nesses dois temas aumenta a competividade de sua farmácia neste concorrido varejo farmacêutico.

Fonte: Dialogando com você – Boeringher Ingelheim