Raia Drogasil chega a mil lojas com a volta ao Nordeste

Em alguns meses, a Raia Drogasil, maior varejista de farmácias do país criada há três anos, abrirá as primeiras unidades nos Estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Na capital pernambucana, a Drogasil será aberta na próxima semana e, com isso, a companhia se tornará a segunda varejista de capital aberto com mais de mil pontos próprios no país. Só o Grupo Pão de Açúcar tem esse volume de lojas. Além disso, em até um ano e meio, o primeiro centro de distribuição será aberto no Nordeste, informou a rede ao Valor.

Trata-se da volta dos investimentos em outros estados na região, após a abertura de unidades na Bahia em 2012. Desde então, a empresa, que enfrentou uma reestruturação após fusão da Raia e Drogasil, não havia avançado no Nordeste. O plano é abrir neste ano de 20 a 25 pontos na região (incluindo Bahia). Este mercado é liderado pela Pague Menos, rede que intensificou a expansão no Sudeste nos últimos anos. No país, a expectativa da Raia Drogasil é ter mais 130 unidades no ano – foram 131 inaugurações em 2013.

O novo centro de distribuição deve ficar localizado em Salvador ou Recife, segundo Marcílio Pousada, presidente da companhia. E pode ser alugado ou construído no modelo “build to suit” (montado com parceiro em contrato previamente acordado). Ainda não há previsão de valor a ser investido. A Raia Drogasil tem sete centros de distribuição no país.

Na Bahia, são 16 drogarias atendidas pelo centro de distribuição em Aparecida de Goiânia (GO), a 1,7 mil km de Salvador. Com maior presença na área, a empresa entende que chegou o momento de reforçar a distribuição local, disse Eugênio De Zagottis, diretor de relações com investidores e de planejamento corporativo.

A empresa descarta impactos da ampliação dos negócios no Nordeste na margem bruta, disse Zagottis. “Não percebemos pressão maior em margem nas lojas da Bahia quando entramos no Estado. É possível sentir algo no início da atividade em alguns locais, mas é temporário”, disse Zagottis ontem, após a publicação do balanço do primeiro trimestre. A Raia Drogasil dobrou o lucro líquido do primeiro trimestre, para R$ 29,1 milhões, e a receita líquida aumentou 19,5%, ao atingir R$ 1,66 bilhão. A margem bruta foi de 26,9%, crescimento de 0,3 ponto percentual, informou ontem em balanço.

A empresa também começa a abrir unidades em aeroportos. Uma farmácia será instalada no terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), com a marca Raia, e no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), com a marca Drogasil. Os pontos terão posicionamento de preço de “boas lojas de shopping”, disse Pousada.

Para 2014, das 130 aberturas previstas, foram assinados contratos para 90 pontos até o momento. “Não é verdade que fechamos 24 unidades em 2013 de um total de 131 aberturas. Fechamos 24 numa soma de mais de 900 pontos que temos”, disse Zagottis, ao rebater críticas de rivais de que a rede abre, mas fecha muita farmácia.

“Nós fizemos quase R$ 1 bilhão a mais em vendas brutas em 2013, o dobro do faturamento de rede internacional que entrou no Brasil. Isso é venda maior gerando ganhos de escala”, diz Zagottis. A americana CVS adquiriu a Onofre há um ano, rede de quase R$ 500 milhões em vendas na época.

Questionado sobre a hipótese de vender o controle para redes estrangeiras, Zagottis diz que o grupo “irá seguir a vida de forma independente”. “A única vantagem que se pode ter com as lojas estrangeiras é o acesso ao capital. As marcas, o conhecimento do consumidor e a ‘expertise’ em compras são todos locais. Nem mesmo a importação de genéricos é possível, porque não dá para trazer esse medicamento de fora. E nós temos capacidade de investir, de gerar caixa e obter capital”, disse o diretor.

A empresa completou a unificação de seus sistemas corporativos (de folha de pagamentos, contabilidade, entre outros) no dia 28 de fevereiro. Até o fim de 2014, a rede integra o sistema dos caixas. Com isso feito, a integração estará concluída. “Começamos a aproveitar o melhor da Raia na Drogasil e da Drogasil na Raia”, disse Zagottis.

Veículo: Valor Econômico