Redes regionais de Farmácias resistem à fusão aos grandes grupos do varejo farma

panvel-drogarias-nissei-e-sao-bento-sao-redes-regionais-medias-que-nao-pretendem-se-fundir-aos-grandes-grupos-do-varejo-farmaceuticoAlvos de interesse dos maiores players do setor, farmácias regionais resistem à tendência de consolidação. Ao contrário do que planejam empresas que resultaram de fusões, redes escolhem concentrar suas atividades para não perderem a participação no mercado em vez de dispersar as operações.

Sexta maior rede farmacêutica do País, atrás de empresas que resultaram de fusões e aquisições (F&A) como Raia Drogasil e Brasil Pharma, a gaúcha PanVel conta com lojas físicas nos três Estados da região Sul.

Em entrevista ao DCI, o vice-presidente da PanVel, Julio Mottin Neto, afirma que o player já foi procurado para uma possível fusão. “Não temos nenhum plano de nos fundir com ninguém. Até nos procuraram para conversas iniciais, mas não era bom estrategicamente para nós”, explica. “Entendemos que quando se cresce muito rápido, a tendência é perder um pouco a qualidade e o atendimento.”

Atuando há 40 anos, a PanVel hoje é um grupo de empresas: possui um ramo varejista, que conta com 300 lojas; um ramo atacadista, que fornece os mesmos produtos das drogarias a outras empresas; e um ramo industrial, a Lifar, que produz mais de 600 itens marca própria do player, em geral cosméticos.

“Nos próximos quatro anos vamos nos manter na região Sul. Depois, pode ser que migremos a outros estados”, explica o vice-presidente. Ainda que não atue em nenhuma outra região fisicamente, a rede atende a pedidos de todo o País através da loja virtual.

A expectativa da PanVel é chegar a R$ 1,95 bilhão de faturamento em 2013, um crescimento de 11,4% frente ao R$ 1,75 bilhão de 2012. Também são esperadas 30 novas lojas este ano.

Outra líder regional, a Drogaria São Bento atua apenas no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. Segundo o diretor da rede, Luiz Fernando Buainain, a entrada de players maiores não foi um problema. “Não estamos sentindo o aumento da concorrência. Nosso faturamento continua crescendo na mesma média do mercado, e não perdemos market share, que hoje é de 62% no Mato Grosso do Sul, por exemplo.”

Existente há 64 anos, a São Bento não pretende se expandir para fora do Centro-Oeste, pelo menos em um futuro próximo. “Hoje são 96 lojas, e acredito que temos muito espaço para crescer aqui ainda.”

Além das fronteiras
De origem paranaense, a Nissei também optou por uma expansão mais moderada, focando mercados específicos, embora hoje figure entre as dez maiores redes de farmácias no Brasil. “Em 2010 iniciamos nosso plano de expansão, fechando o ano com 150 lojas. Em 2011, consolidamos a entrada em Santa Catarina, onde temos 20 lojas hoje, e em 2012 abrimos oito unidades no interior de São Paulo, foco da nossa expansão em 2013”, aponta o presidente da Nissei, Sergio Maeoka.

A região das cidades paulistas de Lins, Marília, Bauru e Ourinhos deve receber 30 novas operações. A Nissei, que conta hoje com aproximadamente 230 pontos de venda espera fechar este ano com até 250. Segundo Maeoka, “só na capital paranaense, temos mais de 100 farmácias, e temos pelo menos uma operação em todas as cidades com mais de 50 mil habitantes no Estado”. Nos dois últimos anos, a rede aumentou em 20% o faturamento, e espera manter o índice em 2013.

De acordo com o sócio-diretor da consultoria financeira Brasilpar, Luiz Eduardo Costa, embora as redes menores sejam as mais ameaçadas pela consolidação do varejo farmacêutico, as médias podem ser afetadas pelas fusões nos próximos anos. “Mesmo as empresas regionais já começam a sofrer a concorrência dos grandes players, cujo jogo é se tornar um player nacional. Esse é o desafio para as cadeias menores.”

A Brasilpar estima que o faturamento do setor, de R$ 49,6 bilhões no ano passado, supere R$ 100 bilhões em cinco anos.

 

Fonte: DCI