Segundo duas fontes, as negociações entre BR Pharma e Profarma estão bem adiantadas nesse momento, e há possibilidade de um acordo.
A Brasil Pharma, o braço de varejo de farmácias do banco BTG Pactual, abriu conversas com três das maiores distribuidoras de medicamentos do país, a Profarma, a PanPharma (ex-Panarello) e a Santa Cruz, para unir suas operações com uma dessas companhias, apurou o Valor.
As negociações começaram há cerca de três meses, de forma individual com as empresas, e já tiveram alguns avanços, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto. A fase atual é de tentar traçar ganhos de escala e de sinergia, com vantagens e desvantagens para cada uma das possíveis parceiras, para que se consiga evoluir nas conversas, segundo as mesmas fontes. Ainda está em aberto qual o formato dessa fusão: se poderá ser criada uma nova companhia, que unirá todos os ativos, ou se uma companhia será incorporada à outra, num modelo semelhante à fusão de Anhanguera e Kroton, compara uma fonte ouvida. Isso irá depender da empresa distribuidora a fazer parte dessa operação.
Se o negócio for concluído, será criada a maior rede de varejo e de distribuição de medicamentos do país, com faturamento que, em qualquer uma das 3 distribuidoras, deve superar os R$ 7 bilhões. No caso da PanPharma, a maior companhia de distribuição dessa área no Brasil, a união pode criar um negócio de pouco mais de R$ 10 bilhões em receita bruta neste ano. Não há uma operação que una varejo e distribuição de medicamentos desse porte no país.
Procurada, a Santa Cruz nega as conversações. A PanPharma também não confirma as negociações. Profarma e BR Pharma não se manifestaram.
A Brasil Pharma quer avançar em seu processo de consolidação no setor e sempre deixou claro sua intenção em atuar na ponta compradora, e não como vendedora. O plano, ao se aproximar do negócio de atacado, é buscar maiores ganhos de escala, questão vista como crucial nesse segmento de margens mais estreitas e com mudanças nas políticas de negociação com os laboratórios. Nos últimos meses, a indústria de genéricos e redes de drogarias têm vivido processos mais duros de negociação, como sinal do acirramento na disputa por maior rentabilidade.
Há também mudança de foco estratégico no mercado mundial de farmácias. Grandes varejistas têm fechado negócios dentro desse modelo estruturado pela BR Pharma. Em março, a Walgreen e a Alliance Boots fecharam acordo de 10 anos com a distribuidora de medicamentos AmerisourceBergen e podem comprar até 23 % desta companhia.
Segundo duas fontes ouvidas ontem, as negociações entre BR Pharma e Profarma estão bem adiantadas nesse momento, e há possibilidade de um acordo. Neste caso, a união dos ativos é considerada mais simples pelas partes envolvidas nas conversas porque as duas empresas de capital aberto estão no Novo Mercado, com resultados auditados.
Com esse negócio, a BR Pharma faria a sua entrada no varejo de farmácias no Rio, e a Profarma se tornaria uma das maiores redes de drogarias do país, um dos objetivos da atual gestão.
A distribuidora de medicamentos e itens de higiene pessoal Profarma fez sua estreia no varejo farmacêutico em janeiro deste ano, com a compra das redes Drogasmil e Farmalife, com atuação no Rio de Janeiro. No mesmo mês, concluiu a compra da rede Drogarias Tamoio, no mesmo Estado.
Caso BR Pharma e Proframa se unam, a nova empresa encosta na líder Raia Drogasil em números de lojas próprias. Esta soma hoje 906 pontos. A nova companhia criaria um negócio com 858 pontos, ao se considerar apenas as lojas próprias de BR Pharma e da Profarma.
Fundada há 51 anos, no Rio de Janeiro, a Profarma dedicava-se à distribuição de medicamentos, mas decidiu expandir sua atuação para vender também itens de higiene e beleza.
“A Profarma começou a perder espaço para outras distribuidoras de medicamentos, quando decidiu se tornar também uma varejista. Ela acaba concorrendo com ela mesma”, afirmou uma fonte ao Valor. “A sinergia entre Profarma e Brasil Pharma faz sentido para elas, não para o mercado”, observou outra fonte.
A PanPharma (ex-Panarello), maior distribuidora de medicamentos do país, está passando por uma reestruturação. O executivo Alexander Triebnigg, ex-presidente da Novartis no Brasil, chegou à companhia este ano para dar uma guinada nos negócios da empresa. A companhia, que pertencia à família Panarello, de capital nacional, foi vendido para o grupo alemão Celesio.
Fonte: Valor Econômico