A forte retração do varejo no último ano parece não ter afetado o setor farmacêutico, que registra crescimento nas vendas, enquanto avança em solo potiguar. São farmácias e drogarias novas, reformadas ou ainda em obras que surgem – às vezes no mesmo quarteirão – ocupando os mais cobiçados endereços da capital. O número de farmácias operadas por grupos locais cresceu 31,5% em 2016. Mesmo sem dados globais das grandes redes nacionais por Estado, o crescimento é facilmente percebido pela quantidade de estabelecimentos abertos. As vendas no país aumentaram 11,03% e a tendência é de mercado aquecido este ano.
Especialistas apontam que, se por um lado a chegada das grandes redes pode provocar dificuldades para as empresas locais de pequeno porte, por outro traz economia para o consumidor.
“As grandes redes de drogarias mudaram o perfil do varejo farmacêutico no RN, afetando financeiramente as pequenas. Mas o consumidor saiu ganhando. A grande concorrência entre as farmácias leva a uma melhor condição de negociação de preço por parte do cliente”, observa Leonardo Doro Pires, coordenador do curso de Gestão Comercial da Universidade Potiguar (UnP) e autor dos livros “Gestão Estratégica para Farmacêuticos” e “A Arte da Guerra para Farmacêuticos.”
A bacharel em Direito Jeane Telles comemora essa facilidade que a concorrência trouxe ao mercado local. “Antes, quando existiam apenas as farmácias de bairro, as da terra, a oferta de produtos era escassa. Hoje temos acesso a uma gama maior e mais diversificada de produtos, a preços melhores”, observa a consumidora.
Jeane costuma comprar com frequência medicamentos e produtos de higiene e beleza. Ela conta que participa de um grupo de mães que pesquisam e divulga em grupos de redes sociais preços de fraldas. “Hoje a gente tem mais promoção, tem mais formas de pesquisar. E até nas farmácias de bairro a gente consegue preço melhor, mas sei que essas pequenas sofrem mais”, afirma.
O número de farmácias de médio e pequeno porte cresceu 31,5% no RN em 2016, passando de 1.185 unidades, em funcionamento, para 1.559 no ano passado. Já as vendas tiveram incremento mais tímido de 2% em 2016 em relação a 2015, segundo levantamento do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do RN.
“O aparente crescimento é das grandes redes, que compram direto das indústrias. Mas é ruim para o mercado local. Entre as empresas locais, farmácias de bairro, muitas estão fechando ou mesmo migrando para outros negócios porque não conseguem precificação”, revela a presidente do Sincofarn, Diva Dutra.
Em parte, isso ocorre devido a possibilidade de compras maiores para abastecer as lojas em todo o país, as redes nacionais acabam conseguindo melhores preços, descontos, além de reduzir custos com logísticas com instalação de Centros de Distribuição estratégicos.
“As pequenas e médias, que é o perfil das empresas locais, não conseguem comprar das indústrias. Não tem essa barganha de compra. Compram das distribuidoras locais e recolhem o tributo aqui e geram mais empregos locais”, pontua Dutra.
Dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) mostram que as 27 redes associadas movimentaram R$ 39,46 bilhões em 2016 – incremento de 11,03% sobre o ano anterior – no mesmo período em que o comércio recuou 1,7% no país. E cresceram 8,57% em número de lojas no ano passado frente a 2015.
Fonte: Tribuna do Norte