A retenção de receita do Ozempic e demais medicamentos à base de semaglutida está sendo discutida pela Anvisa. O remédio blockbuster da Novo Nordisk, destinado ao tratamento do diabetes tipo 2, convive com o uso off label e indiscriminado para o emagrecimento, realidade que a agência deseja controlar com a mudança. As informações são do UOL e da Folha de S. Paulo.
Atualmente, o fármaco conta com tarja vermelha, ou seja, é necessário apresentar uma receita no ato da compra, mas ela não será retida. Entidades como a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) manifestaram apoio à pauta.
Na visão das entidades, exposta por meio de carta aberta, além dos riscos inerentes ao uso da semaglutida sem acompanhamento médico, a demanda fora da indicação da bula pode prejudicar a oferta do medicamento para quem realmente precisa. A proposta deve ser avaliada pela diretoria colegiada no começo de 2025.
Retenção de receita do Ozempic é só uma das estratégias
Além da retenção de receita, a Anvisa também estuda a possibilidade de estabelecer prazos de validade para a prescrição (90 dias) e criar mecanismos para monitorar os resultados da medida. Em paralelo, especialistas defendem que ações de conscientização também são necessárias.
Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, discorda que a melhor forma de controlar o uso indiscriminado do Ozempic seja a retenção de receita. Para ele, tal decisão pode fortalecer o mercado ilegal. “Se der um Google em Ozempic, vai aparecer Ozempic em gotas, que não existe”, alerta.
Três milhões de unidades foram vendidas em 2024
Segundo dados da IQVIA, três milhões de unidades do Ozempic foram vendidas no Brasil em 2024. O instituto de pesquisa ainda aponta que, nos últimos seis anos, a venda do medicamento teve um salto de 663%.
Apenas neste ano, R$ 4 bilhões foram movimentados com a comercialização dos remédios Ozempic, Saxenda (liraglutida), Victoza (idem), Xultophy (insulina degludeca com liragutida) e Rybelsus (semaglutida), todos fabricado pela multinacional dinamarquesa.
Fonte: Panorama Farmacêutico.