O mercado de medicamentos voltados ao tratamento da diabetes e da obesidade vive um momento de forte expansão no Brasil, impulsionado principalmente pelos agonistas de GLP-1, como Ozempic, Mounjaro e Wegovy — conhecidos popularmente como as “canetas emagrecedoras”.
Segundo dados do Close-Up International, o segmento movimenta atualmente R$ 18,4 bilhões e registrou um crescimento de 41,6% entre MAT 08/24 e MAT 08/25, após já ter subido 17,3% no período anterior.
O interesse crescente por esses medicamentos, associados ao controle de doenças crônicas e à perda de peso, transformou completamente a dinâmica do setor farmacêutico.
Novas moléculas e o potencial de expansão do mercado
A chegada de novas moléculas, como a tirzepatida, reforça a tendência de crescimento acelerado.
De acordo com Christian Becker, General Manager Brasil da Close-Up International, “é um mercado que ainda tem muito potencial, pois está relativamente restrito ao paciente de alto poder aquisitivo. Com a queda das patentes previstas para 2026, também há oportunidades para novos entrantes e para quem apostar em uma boa estratégia de distribuição”.
Ou seja, o cenário abre espaço para farmácias, distribuidoras e laboratórios que se preparem para essa nova fase, especialmente com o fim das patentes e a entrada de genéricos e biossimilares.
2025: um ano agitado para o setor
O ano de 2025 já é marcado por grandes movimentações.
Um dos principais marcos foi a chegada do Mounjaro, da Eli Lilly, ao mercado brasileiro, em maio. O medicamento enfrentou falta nas farmácias devido à alta demanda, limitando um crescimento ainda maior nas vendas.
Em agosto, a EMS entrou no segmento com o lançamento das primeiras canetas de liraglutida produzidas no Brasil, com os produtos Olire e Lirux — aumentando a concorrência no setor.
Além disso, a Anvisa passou a exigir prescrição médica obrigatória para os agonistas de GLP-1 desde junho de 2025.
A nova regra provocou uma corrida às farmácias, com consumidores buscando garantir seus medicamentos e consultando médicos para obter receitas.
Expansão das prescrições médicas
De acordo com o levantamento da Close-Up, a prescrição de medicamentos para diabetes e obesidade passou de 5,7% para 6,3% entre MAT 08/24 e MAT 08/25.
O aumento reflete tanto a chegada de novos tratamentos quanto a exigência da retenção de receita médica.
Antes concentradas em clínicos gerais e endocrinologistas, as prescrições agora se estendem a cardiologistas, pediatras e ginecologistas — mostrando que o uso desses medicamentos está se popularizando entre diferentes públicos e especialidades médicas.
Vencimento de patentes e mudanças de mercado
O mercado também se prepara para um marco importante: o vencimento da patente do Ozempic, fabricado pela Novo Nordisk, previsto para 2026 no Brasil.
Com isso, o setor deverá ver uma onda de novos concorrentes e redução nos preços, tornando os tratamentos mais acessíveis e ampliando o público consumidor.
Nos últimos 12 meses, a entrada de novos produtos fez com que a Novo Nordisk perdesse parte de sua participação, enquanto a EMS, recém-chegada, conquistou 3,5% de market share em volume já no primeiro mês de vendas.
As moléculas que mais crescem no mercado
Segundo o Close-Up International, os principais impulsionadores desse crescimento são:
- Semaglutida – crescimento de 61%
- Dapagliflozina (disponível no Programa Farmácia Popular) – alta de 83%
- Tirzepatida – expansão de 100%
Na análise por produto, o Wegovy, da Novo Nordisk, registrou um impressionante crescimento de 382,6% no último ano.
Segundo Becker, “boa parte do crescimento do Wegovy se deve à falta do Mounjaro, que teve problemas de abastecimento e distribuição”.
O que esse cenário representa para as farmácias
Com a alta procura por medicamentos voltados ao controle de diabetes e obesidade, farmácias e drogarias têm uma grande oportunidade para:
- investir em gestão de estoque inteligente, prevenindo rupturas;
- ampliar o mix de produtos e canais de atendimento especializado;
- fortalecer parcerias com laboratórios e distribuidores;
- e garantir conformidade regulatória, especialmente quanto à exigência de receita médica.
O crescimento do segmento reforça o papel estratégico das farmácias como ponto de acesso à saúde e ao tratamento de doenças crônicas, além de abrir espaço para novos serviços clínicos farmacêuticos.
Conclusão
O mercado de medicamentos para diabetes e obesidade está em plena transformação — e tudo indica que esse movimento vai se intensificar nos próximos anos.
A combinação de novas moléculas, vencimento de patentes e alta demanda cria um ambiente fértil para quem souber aproveitar as oportunidades com planejamento, compliance e visão de longo prazo.
Fonte: Guia da Farmácia / Close-Up International – Outlook 2025
