Após 2 anos crescendo, produção da indústria recua 1,1% em 2019

“Tiveram grande peso nesses resultados negativos os efeitos na indústria extrativa, em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho no início de 2019”, explica em nota o gerente da pesquisa, André Macedo.

Ele apontou, no entanto, que a produção industrial também pode estar sendo impactada “pelas incertezas no ambiente externo e também pela situação do mercado de trabalho no país que, embora tenha tido melhora, ainda afeta a demanda doméstica”.

Em 6 anos, a indústria amarga uma perda de 14,8%, segundo o pesquisador. Nos três anos de crise, de 2014 a 2016, o setor acumulou 17,7% de perdas. Recuperou 2,5% em 2017 e 1% em 2018, voltando a perder 1,1% em 2019.

Dezembro

Em dezembro, a produção da indústria caiu 0,7%, na segunda taxa negativa seguida – acumulando queda de 2,4% nos últimos dois meses do ano. Foi o pior resultado para meses de dezembro desde 2015, quando houve queda de 2%, segundo a série histórica da pesquisa.

Com o resultado de dezembro, a indústria brasileira operou 18% abaixo de seu ponto mais alto, registrado em maio de 2011. “Em termos de patamar de produção, é como se estivéssemos voltando para janeiro de 2009”, apontou o gerente da pesquisa, André Macedo.

O pesquisador enfatizou que este é o pior patamar de produção registrado desde maio de 2018, quando ocorreu a greve dos caminhoneiros que afetou negativamente toda a economia do país.

O IBGE apontou que houve queda no setor também na comparação com dezembro de 2018, de 1,2%. “Com esses resultados, o setor industrial recuou tanto no fechamento do quarto trimestre de 2019 (-0,6%), como no acumulado do segundo semestre do ano (-0,9%), contra iguais períodos do ano anterior”, diz o instituto em nota.

“O acidente ambiental na região de Brumadinho, em janeiro de 2019, traz claramente consequências para o comportamento não só do setor extrativo, mas para a atividade industrial como um todo”, explicou Andre Macedo. “Isso impacta especialmente a produção de minério de ferro, o que traz um reflexo importante quando se consolida as informações do ano de 2019”.

Segundo ele, o acidente afetou “diretamente esse resultado negativo”. “Para além disso, tivemos um predomínio de atividades em quedas. São 16 das 26 atividades industriais com resultados negativos”, destacou o pesquisador.

Houve contribuições negativas também de metalurgia (-2,9%), celulose, papel e produtos de papel (-3,9%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-9,1%), outros equipamentos de transporte (-9,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,7%), produtos de madeira (-5,5%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-3,7%) e produtos de borracha e de material plástico (-1,5%).

Já as altas mais significativas para o resultado do setor vieram de produtos alimentícios (1,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (2,1%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,7%), produtos de metal (5,1%) e bebidas (4%).

Macedo apontou que o destaque positivo foi a produção industrial ligada a bens de consumo, tanto duráveis quanto não duráveis, que tiveram crescimento no ano. “Isso tem a ver com fatores pontuais, como a liberação de recursos do FGTS e a melhora, mesmo que gradual, do mercado de trabalho”, disse.

Em dezembro, veículos e máquinas pesaram

A queda de 0,7% na passagem de novembro para dezembro foi vista em 17 dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE. As influências negativas mais importantes vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,7%) e máquinas e equipamentos (-7%).

Com o resultado, o setor de veículos acumulou 9,7% de queda em três meses consecutivos de resultados negativos. Já máquinas e equipamentos teve o segundo mês de perdas.

Fonte: Panorama Farmacêutico