CFF lança capacitação em serviços de cuidado farmacêutico no SUS

Dentro da programação da 63ª reunião geral dos conselhos federal e regionais de Farmácia, na tarde de quarta-feira, dia 22, em Brasília, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) lançou o “Projeto de Cuidado Farmacêutico no Sistema Único de Saúde (SUS) – Capacitação em Serviços. O objetivo é oferecer capacitação para que farmacêuticos conheçam, compreendam e apliquem o raciocínio clínico, para aprimorar o cuidado farmacêutico no âmbito do SUS.

O projeto foi elaborado pelo GT sobre saúde pública/CFF sob a coordenação geral do vice-presidente do CFF, Dr. Valmir de Santi e começará a receber inscrições a partir do dia 1º de abril.

A metodologia desenvolvida permite ao CFF, por meio dos conselhos Regionais, reunir dezenas de farmacêuticos nos municípios para participar da capacitação e implantar os cuidados farmacêuticos em sua cidade, com o acompanhamento de tutores que darão consultoria após o curso. Confira aqui os critérios para seleção e saiba como participar.

A capacitação terá carga horária total de 80 horas, distribuídas em cinco módulos presenciais de 16 horas, que serão ministrados a cada 15 dias. O projeto prevê a criação de 14 centros de formação, em 2017, para atender cerca de 300 municípios com a capacitação e implantação de serviços de cuidados farmacêuticos nos postos de saúde do SUS.

Necessidade de mercado

De acordo com Dr. Valmir de Santi, existe atualmente centenas de farmacêuticos que já prestam assistência farmacêutica com orientações ao paciente nos postos de saúde do SUS, mas ainda há muitas regiões carentes desses serviços. “A nossa ideia é colocar o Conselho Federal ativamente neste processo, para que muitos municípios brasileiros possam de fato implantar o cuidado farmacêutico dentro das farmácias do SUS”.

Em cinco etapas de formação, o projeto terá início com a capacitação de farmacêuticos para praticar a semiologia farmacêutica e atenção ao paciente. Depois, eles aprenderão a trabalhar com transtornos menores, em eles poderão entender a prescrição farmacêutica dentro do SUS. “Às vezes, uma criança vai a um posto de saúde com um simples resfriado e o farmacêutico poderia prescrever uma medicação, mas não há protocolos ou legislação definindo essa atuação na secretaria de saúde. Então, a ideia é mostrar desde o aspecto legislativo à formação na área da prescrição”, explica o coordenador.

Outras etapas capacitarão farmacêuticos que atuam no SUS a implantar processos de cuidado a pacientes com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus, que são os pacientes mais frequentes nas unidades básicas de saúde. “Aqui a gente pretende que o farmacêutico possa fazer a parte clínica e acompanhar esses pacientes, podendo preencher todas as informações do tratamento em prontuários eletrônicos, tendo um acesso direto ao acompanhamento desses pacientes dentro do posto de saúde”, detalha Valmir.

Segundo o coordenador, o módulo final será sobre fitoterápicos, já que existe uma gama desses medicamentos no SUS e muitas vezes nem o médico prescreve, nem o farmacêutico. “A ideia é possibilitar que farmacêuticos possam, nas unidades de saúde, prescrever os fitoterápicos e os outros medicamentos isentos de prescrição (MIP), dentro do que prevê a Resolução CFF nº 585/2013”.

Ao todo, serão cinco meses de curso e mais seis meses de acompanhamento por meio de consultoria virtual, fase em que o tutor acompanhará toda a execução do projeto. Isso possibilitará que os farmacêuticos, ao implantar o cuidado farmacêutico, tenha a quem recorrer sempre que se depararem com dificuldades. “E se houver dificuldades que necessitem do apoio do Conselho Federal, o tutor passará essa informação para nós, por meio do GT sobre Saúde Pública/CFF, e nós poderemos ajudar dando o apoio necessário a ele”, afirma Valmir.

Para o presidente do CFF, Dr. Walter Jorge João, com a realização desse projeto, que demandará ao todo 11 meses de trabalho, o CFF fornecerá todo o apoio necessário e terá condições de acompanhar todo o desenvolvimento da assistência farmacêutica nos municípios brasileiros. “O custo-benefício disso, para o CFF, é muito interessante, e para o farmacêutico, uma chance de participar de um projeto desburocratizado, intermediado pelo CRF da sua região, e conseguir implantar o cuidado farmacêutico, tornando este profissional muito mais útil para a sua região, já que muitos farmacêuticos, que atuam no SUS, sentem-se subutilizados em funções administrativas”, explica o presidente.

 

Fonte: Comunicação do CFF