CVS adia nova aquisição no Brasil

cvs prorroga aquisição dpsp brasilAs negociações para aquisição do grupo DPSP, dono das redes de farmácias Pacheco e Drogaria São Paulo, pela cadeia americana CVS foram interrompidas semanas atrás, depois que a multinacional decidiu “segurar” planos de novas aquisições, segundo interlocutor próximo às empresas. A CVS ainda avalia o negócio como um ativo estratégico e interessante, portanto, a hipótese de a transação ser fechada futuramente não está descartada, antecipou na sexta­-feira o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

“Eles estão ‘segurando’ um pouco as compras depois de terem feito duas aquisições muito grandes lá fora em pouquíssimo tempo. Eles precisam digerir isso melhor e reduzir os efeitos no endividamento”, diz uma fonte. As partes não se manifestaram. Com R$ 6,1 bilhão em receita líquida no ano passado, o grupo DPSP tem cerca de 950 lojas no país. A CVS é dona da rede Onofre, com 47 lojas.

A CVS gastou US$ 12 bilhões nos últimos 30 dias comprando a Omnicare, fornecedora de serviços farmacêuticos, e a rede Target, com 1,6 mil farmácias, ambas com sede nos Estados Unidos. Ela financiou as transações se alavancando mais e anunciou que tomará medidas para reduzir essa maior pressão nos números. A relação entre dívida e lucro antes de juros impostos, amortização e depreciação foi para 3,2 vezes (meta é 2,7 vezes).

Para um interlocutor ligado às negociações, ao esfriar as conversas, a CVS poderia tentar negociar melhores condições mais à frente.

As conversas entre as partes avançaram mais nos últimos dois meses, desde que a DPSP decidiu, no começo do ano, voltar à mesa de negociações ­ com patamar para aquisição do negócio na faixa de R$ 6 bilhões, apurou o Valor, cerca de US$ 2 bilhões (mesmo montante desembolsado para adquirir a rede de drogarias Target).

A transação avançou até que outros negócios foram sendo fechados pela rede nos EUA. Segundo uma fonte ouvida, a valorização da moeda americana pesa favoravelmente ao fechamento do negócio no país, pois “barateia” a farmácia brasileira, mas a receita da DPSP em reais perde valor ao ser reportada no balanço da CVS em dólar.

Segundo fontes próximas ao grupo DPSP, os controladores teriam ficado irritados com a interrupção nas conversas. A família Barata, com 51% das ações, assim como o grupo de 12 sócios da Drogaria São Paulo, após alguns desentendimentos (os Barata resistiam inicialmente), concordaram em se desfazer da empresa e voltaram a procurar a CVS para retomar as conversas neste ano.

Circulam informações no mercado de que há divergências entre os sócios da DPSP em relação às estratégias de crescimento e forma de gestão das redes ­ a Pacheco, com foco maior no Rio de Janeiro e a Drogaria São Paulo, no estado paulista ­ e que a possibilidade de venda seria uma forma de encerrar a parceria.

A oferta inicial da CVS pela rede brasileira em 2014 era de cerca de R$ 4,5 bilhões. Depois, subiu para cerca de R$ 5,5 bilhões, segundo fontes. Mas um desentendimento sobre os valores adiou um acordo e, neste ano, a DPSP decidiu voltar a conversar.

De acordo com balanço de resultados de 2014, publicado no Diário Oficial semanas atrás, a DPSP somou R$ 6,1 bilhões em vendas líquidas em 2014, alta de 11%, e o lucro cresceu 19%, para R$ 222 milhões, com margem de lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) de 6,8% em 2014, versus 6,3% em 2013.

Quatro anos após o anúncio de criação dos dois maiores grupos de varejo de farmácias do país ­ Raia Drogasil e DPSP ­ a primeira tem conseguido registrar desempenho geral acima da rival para alguns indicadores. Mas a margem Ebitda, apesar de ter subido de forma mais rápida na Raia Drogasil nos últimos anos, ainda se mantém superior na DPSP.

Segundo dados publicados, a Raia Drogasil vendeu R$ 7,4 bilhões (valor líquido) em 2014 e a DPSP, R$ 6,1 bilhões. A primeira cresceu 18,5% no ano e a segunda, 11%. Em termos de lucro líquido, a Raia Drogasil e a DPSP registram praticamente a mesma soma (R$ 221,4 milhões e R$ 222 milhões, respectivamente), mas na primeira, o valor cresceu 120% e na segunda, 19%.

A relação entre receita e despesas cresce na DPSP e cai na rival. Baixa sinergia entre as redes São Paulo e Pacheco, reflexo de uma integração ainda inicial na DPSP, pode explicar essa manutenção no nível de despesas. Na Raia Drogasil, a relação entre receita e despesas diminuiu de 21,8% para 21%. Na concorrente, subiu de 23,2% para 23,4%.

A margem Ebitda na Raia Drogasil subiu de 5,5% para 6,6% entre 2013 e 2014 e na DPSP, de 6,3% para 6,8%. Ou seja, a segunda mantém índice maior, mas na primeira a taxa subiu de forma mais acelerada. A margem líquida na Raia Drogasil passou de 2,8% para 3,6% e na DPSP, de 3,4% para 3,6%.

Fonte: Abiquifi