Dr. Cuco: aplicativo para pacientes que envolve médico, indústria e farmácia

noticia-marketing-farmaceuticoDr. Cuco ajuda doente a seguir tratamento e, assim, forma estatísticas para embasar estudos de comportamento; modelo de negócio prevê faturamento a partir de parcerias com empresas

Lembrar o paciente de tomar o medicamento na hora correta, auxiliar os operadores de saúde e os médicos no acompanhamento de doentes crônicos, ajudar nas vendas das farmácias e ser um canal de estudo mercadológico para a indústria farmacêutica. Essas são as premissas do aplicativo Dr. Cuco, criado por dois jovens em Florianópolis em 2015.  

Com foco no mercado B2B, a startup aposta nas novas tecnologias para revolucionar o setor da saúde e já anuncia para o próximo ano o lançamento da segunda versão do aplicativo, que terá a primeira enfermeira digital do país, baseada na plataforma de inteligência artificial Watson, da IBM.

Os sócios Lívia Cunha, de 24 anos, e Gustavo Comitre, de 23, ainda eram estudantes de Administração quando decidiram empreender. Ela, filha de médicos, e ele, um doente crônico. Ambos entendiam as necessidades de cada lado e uniram suas experiências para criar uma plataforma que fosse completa.

Para o paciente, o Dr. Cuco é um aplicativo para lembretes de remédios, cadastro de histórico de medicamentos e uma eventual busca de preços em farmácias. Mas, para as operadoras de saúde, o app é uma ajuda para reduzir a taxa de sinistralidade, ou seja, o acionamento do seguro pelo paciente.

Conforme explica Lívia, CEO da startup, essa taxa está diretamente relacionada ao excesso no uso de serviços assistenciais, consultas, exames, internações e hospitalização. Entre as maiores causas desse excesso estão o uso incorreto de medicamentos e a falta de cuidado que muitos pacientes têm com a própria saúde.

Para ajudar o paciente a seguir o tratamento correto, o prontuário médico é integrado ao software da plataforma. “O profissional da saúde faz a prescrição dos medicamentos e ela é disponibilizada no app, que, por sua vez, passa a enviar ao paciente os lembretes para o consumo do remédio”, diz.

Para os operadores de saúde, o Dr. Cuco monitora de forma eficiente e mais barata os doentes crônicos. A CEO aponta que, atualmente, as operadoras realizam esse monitoramento por meio de call center, o que gera um custo em torno de R$ 800 a R$ 1 mil referente a cada paciente atendido.

Para simplificar o processo, os sócios incluíram no aplicativo um robô que conversa diretamente com o paciente. Essa funcionalidade estará disponível a partir de janeiro de 2017. “Um diabético poderá conversar com o Dr. Cuco ativando o microfone do aplicativo para pedir instruções, dicas sobre hábitos alimentares e tirar dúvidas. Mas em caso de questionamento específico, no qual não tenhamos autonomia para responder, o paciente é orientado a procurar o médico”, destaca Lívia.

Para idosos que têm dificuldade em manejar um smartphone, o aplicativo solicita que seja cadastrado no sistema o nome de seus familiares, para que sejam notificados se o sistema identificar que algum remédio não foi consumido.

Para engajar os pacientes, a plataforma oferece um programa de recompensas, semelhantes a milhas de cartões, para que sigam à risca o tratamento.

O projeto piloto foi conduzido no Hospital Santa Helena, no ABC paulista, com gestantes de alto risco que precisavam evitar partos prematuros. Os enfermeiros conseguiam acompanhar pelo aplicativo as gestantes que estavam tomando o cuidado necessário e identificar as que tinham baixo engajamento ou não confirmavam a ingestão de algum remédio.

 

Farmácias

Para os estabelecimentos comerciais, o Dr. Cuco promete ajudar nas vendas. Dentro do aplicativo, o usuário consegue cotar os preços de medicamentos vendidos sem prescrição e, se for o caso, ser redirecionado ao site do estabelecimento para finalizar a compra. Ele também é avisado quando está chegando ao fim seu medicamento e orientado a procurar a farmácia que o serviço de geolocalização do app identificar como mais próxima.

A ideia é que a startup fique com um percentual sobre as vendas efetivadas com a ajuda do aplicativo.

 

Indústria farmacêutica

Para os fabricantes de medicamentos, o Dr. Cuco é voltado para estudo do comportamento do consumidor, inteligência de marca e produto. A indústria, assim como as operadoras, também tem uma base de clientes monitorados. Lívia explica que as fabricantes costumam oferecer uma área, geralmente no site, de contato e instrução ao paciente.

A startup sincroniza com a plataforma essa base de clientes, para que a companhia possa monitorar diretamente do app e gerar relatórios sobre hábitos de consumo, ingestão correta do medicamento, abandono do uso, troca de marca e outros comportamentos.

 

Segurança

Os dados são protegidos e agrupados. Somente os médicos têm acesso ao prontuário completo, para que o atendimento aos doentes crônicos seja personalizado e o profissional tenha em mãos o histórico dos pacientes. No caso dos demais clientes e da equipe da startup, o acesso é restrito a dados isolados, como tipo de remédio consumido, idade do usuário e sexo.

 

Início e planos

No mesmo ano de sua fundação, em 2015, a Dr. Cuco participou do Circuito Internacional do hospital Albert Einstein e do programa de aceleração StartupSC. Um investidor anjo fez um aporte de R$ 600 mil na plataforma.

A operação começou em agosto de 2016 e só neste período a startup ganhou 12 prêmios. Atualmente a empresa trabalha com um time de oito pessoas e tem uma base de 15 mil pacientes.

Para 2017, além da segunda versão do aplicativo com o robô, já está acertado o início de um novo projeto piloto no Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, onde os jovens farão o estudo clínico de pacientes com infarto do miocárdio para avaliar a taxa de engajamento e a adesão aos medicamentos. Os empreendedores esperam registrar faturamento a partir de fevereiro .

Fonte: DCI