Drogarias Araújo prevê faturar 1,3 bi em 2013, sem sócios ou fusões

drogaria-araujo-rede-farmacias-empresa-familiar-pretende-evitar-fusoes-e-sociosA Rede Araújo pretende continuar como uma grande empresa bem-sucedida e  familiar, enquanto os outros grandes do varejo farmacêutico se uniram ou foram vendidos à grupos de investimento nacionais e do exterior.

Uma das maiores redes de farmácias do país, a mineira Drogaria Araujo, quer se manter como uma exceção no setor. Ao contrário dos rivais, que nos últimos anos passaram por operações de aquisição e fusão, Modesto Carvalho Araujo Neto, presidente da companhia, diz que não quer conversa com investidores, bancos ou outras redes sobre a venda de seu negócio.

“Acho que a empresa é a noiva mais desejada desse mercado”, disse ele, na sede da Araujo em Belo Horizonte. E completa, com bom humor: “Como a empresa é virgem, não aceita essas conversas.”

Com 120 lojas e previsão de faturar R$ 1,3 bilhão este ano (alta de 20% sobre 2012), a Drogaria Araujo é uma empresa familiar que começou a ser tocada pelo avô do empresário em 1913.

“Em todos os IPOs, fusões e aquisições sempre alguém entra descapitalizado e precisando tomar uma atitude para não desaparecer. Não tem um que estava bem “, disse. “Eu graças a Deus tenho rentabilidade, estou capitalizado, estou bem. Vender para quê? Não quero ter, por exemplo, 400 lojas até 2015. Eu não conseguiria manter a qualidade do serviço nem a minha qualidade de vida.”

Desde 2010, o setor passa por uma reacomodação. A Raia se uniu à Drogasil e a Drogaria São Paulo se juntou à Pacheco. A BR Pharma comprou uma série de empresas nos últimos dois anos e no início de 2013 a americana CVS adquiriu o controle da rede Onofre.

Com recursos próprios, segundo o empresário, a Araujo prepara uma expansão. Quer chegar a 150 lojas até 2015 e a um faturamento de R$ 1,6 bilhão. Além disso, o centro de distribuição (CD) de 12 mil m2 em Contagem será substituído.

A Araújo deve iniciar a construção do novo CD, com 50 mil m2, também em Contagem, até julho. O empresário diz que, para essa obra, está estudando um possível financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mesmo assim, diz relutar. “Até hoje, chegamos até aqui sem nada de financiamento. Quanto mais trabalharmos com recursos próprios, melhor.” Ainda mais, continua ele, num momento de incertezas como o atual. “Quando você é jovem, dá para arriscar. Mas uma empresa centenária e com 7 mil funcionários não tem o direito de cometer erros”.

Modesto Araujo entrou na empresa da família em 1984. Vinha do mercado financeiro, onde trabalhara por 15 anos. Em 2004, com a morte de seu irmão do meio, Eduardo Veloso Araujo, ele assumiu o comando da rede. A quarta geração também atua na empresa: duas filhas e dois sobrinhos.

A Drogaria Araujo tem forte presença em Belo Horizonte, onde goza de uma posição de liderança. A rede se espalha pelos municípios do entorno da capital mineira. Um traço do negócio é a variedade de produtos – que a faz parecer uma grande loja de conveniência que também vende medicamentos e cosméticos.

Esse modelo começou a ser desenhado nos anos 90. O empresário levou 51 funcionários para conhecer o setor de “drugstores” dos Estados Unidos. Lá, ouviu que o trânsito nas grandes cidades ficaria tão insuportável que as famílias prefeririam farmácias onde pudessem comprar tudo o que precisassem antes de voltar para casa. “Apostei nisso: no ‘one stop’ e você resolve sua vida”, contou Araujo.

As drogarias da família têm cosméticos e geleia, ração de cachorro e pão, revelação de fotografia e leite. E medicamentos – estes representam 60% da receita. Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), a média nacional é de 70%.

O empresário afirma que sua rede é a quarta maior do Brasil em termos de faturamento. O lucro antes de juros, investimentos, depreciação e amortização (Ebitda, na expressão em inglês) gira em torno dos 10% do faturamento, segundo ele.

E se não se interessa em ter um sócio, Araujo diz também não ter planos de adquirir outras redes. “É difícil porque eles querem colocar toda a incompetência que tiveram no negócio como algo que o valorize. Além disso eu trabalho com lojas de mais de 400 metros quadrados e não tem oferta de lugares assim”.

Fonte: Valor Econômico