Farmácias disputam vendas e consumidores com os supermercados

tendencia-mundial-tambem-no-brasil-Farmacias-drogarias-disputam-vendas-e-clientes-com-supermercadosVenda de não medicamentos já cresceu 17% em 2013. A tendência, recente no Brasil, é mundial.

Quem nunca aproveitou uma ida à farmácia para comprar um medicamento e levou também um xampu ou desodorante faz parte de uma pequena parcela da população. Hoje, os consumidores aquecem as vendas de não medicamentos em farmácias e drogarias, que investem cada vez mais em variedade de produtos, atendimento especializado, promoções e facilidade de pagamentos.

“Agora só compro produtos de higiene e cosméticos em farmácias. As opções são maiores e sempre consigo descontos e boas condições de parcelamento”, diz a psicóloga Janaína Correa, 32 anos, que gasta R$ 100, em média, com a compra de não medicamentos na farmácia.

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) mostra que, no primeiro semestre deste ano, a categoria de higiene e beleza registrou alta de 17% nas vendas, em relação ao ano passado. Já os medicamentos tiveram aumento de 12% no período.

“Cada vez mais o consumidor brasileiro vê o canal farmácia como uma opção atraente para compras de produtos de higiene e beleza e de conveniência”, diz em nota Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Abrafarma. “Esta é uma tendência mundial.”


Participação

Hoje, a venda desses produtos representa 30% do faturamento das farmácias, segundo a Abrafarma. “Esse é um fenômeno dos últimos três anos e, para acompanhar essa demanda, apostamos em um mix maior de produtos. Também temos atendimento especializado para o cliente quem vem comprar, e programas de descontos”, afirma Renato Cavalheiro Garcia, diretor de uma rede de farmácias de Ribeirão e região.

Segundo Renato de Campos, professor da área de marketing da Unaerp, o setor de farmácias percebeu a oportunidade de mercado e investe no segmento para estar apto a atender e ainda aumentar as vendas. “Isso gera todo esse ciclo de crescimento nas vendas e a tendência desse consumo.”


Farmácias ganham com acesso fácil e filas menores

Motivos para os consumidores irem às farmácias para comprar além de medicamentos não faltam. “Estou perto de casa, não encaro fila, é mais fácil de estacionar e os produtos estão mais fáceis”, diz a pedagoga Márcia Vasconcelos Bolfarini, 40 anos.

Para a comerciante Janaína Junqueira, 35, a praticidade e o acesso mais fácil tornaram a compra de produtos de higiene e beleza na farmácia uma rotina.

“Hoje nem vou ao supermercado para comprar esses itens. Tenho o costume de comprar tudo aqui, pois tenho o cartão de fidelidade que dá descontos”, diz.

Segundo Valquíria Padilha, professora de sociologia do consumo da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão (FEA-RP/USP), a tendência de aumento no consumo de produtos de beleza é geral, e o conceito de grandes farmácias, comum nos EUA e Europa, ganha espaço no Brasil com essa tendência.

“Os consumidores buscam praticidade e a diferença nos produtos. E as farmácias oferecem isso, além de programas de fidelidade que geram descontos. Tudo isso atrai o consumidor”, diz.


Atendimento

Saulo Constantino Mendes Martins, gerente farmacêutico em uma rede, diz que o atendimento dos profissionais também contribui para que os clientes comprem mais em farmácias. “Aqui as pessoas encontram essa orientação, algo que não existe em supermercados, por exemplo”, comenta.

As facilidades no pagamento, como o parcelamento em até seis vezes sem juros no cartão de crédito, também atraem mais consumidores para as farmácias. “É uma opção boa e melhor para o bolso”, disse a consumidora Janaína Correa, 32.


Cartão de descontos é outro atrativo das farmácias

Os programas de fidelidade, tendência do mercado consumidor e que invadiram as farmácias, também impulsionam as vendas de itens de beleza e higiene nesses locais.

“Tinha o cartão para comprar remédios e percebi que ganhava descontos também em outros produtos. Comecei a usar esses descontos e até pago mais barato em determinados itens em relação aos mercados”, disse Maria Claudia Berthes, 31.

Conforme as promoções divulgadas pelas redes, os descontos podem chegar a 20% no valor dos produtos e os consumidores ainda acumulam pontos no cartão, dependendo do tipo de programa das farmácias.

Segundo Renato Cavalheiro Garcia, diretor de uma rede de farmácias, além das promoções e descontos, os preços em geral dos produtos nas farmácias estão mais competitivos. “Hoje já não existe mais aquele mito de que esses produtos são mais caros nas farmácias.”


Não é ameaça, diz Apas

O avanço nas vendas de produtos de higiene e beleza nas farmácias não representa uma ameaça para o setor supermercadista, segundo o diretor regional da Associação Paulista de Supermercado (APAS) em Ribeirão, Aurélio Mialich.

“Os mercados também têm altas nas vendas desses produtos, a demanda é muito grande. Pessoas que não estavam habituadas a comprar esse tipo de produtos agora são consumidores e isso gera esse potencial”, diz.

Segundo ele, ainda por muitos anos, haverá espaço para o crescimento nas vendas em diversos setores do varejo. “Não existe uma migração de consumo, e sim um aumento na demanda geral.”

Ainda segundo Mialich, as vendas desses produtos nos supermercados também estão pulverizadas e não são feitas somente dentro das compras do mês. “As pessoas vêm só para comprar esses itens também”, diz.
Fonte: Jornal da Cidade