Franquia de farmácias aposta em manipulação para animais de estimação

Necessitando de medicamentos manipulados especialmente para um Cocker Spaniel chamado Pancho, a farmacêutica Sandra Schuster constatou que havia uma brecha no mercado

Pancho era um cão curitibano muito agitado, que por vezes carecia de um remedinho para se acalmar. Sandra Schuster, dona do animal e farmacêutica que trabalha com manipulação de medicamentos, sentiu necessidade de preparar biscoitos com sabores de picanha, chocolate, salmão ou framboesa para o cocker spaniel se dignar a engolir os remédios, inseridos nesses petiscos. Sem desconfiar que era um cachorro histórico, Pancho foi o primeiro cliente do que viria a se tornar a DrogaVET, farmácia pioneira no segmento de manipulação veterinára do Brasil.

Funcionam hoje 33 unidades da rede, três delas próprias; o restante, franquias. Na esteira desse mercado, a consultoria Euromonitor constata que, em 2015, o Brasil era o segundo maior mercado consumidor do mundo no setor PET, absorvendo 5,3% do setor. O chamado PET Care corresponde a 8% do mercado nacional, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

É objetivo da DrogaVET é estar presente nas principais capitais do Brasil e em cidades com mais de 200 mil habitantes. A rede prefere franqueados que já atuem na área da saúde (farmacêuticos ou veterinários), mas não descarta potenciais sócios-investidores, ou bons gestores, desde que tenham um operador com vivência na área da saúde para ficar à frente do negócio.

A rede foi constituída em 2004, mas apenas em 2007 aderiu à expansão por franchising. Nos primeiros anos, Sandra e seu marido e sócio tiveram uma vida de cachorro. Depararam-se com dificuldade extrema de obter financiamento bancário e se viram obrigados a vender carro e apartamento. Para a empresa progredir, o casal precisava conquistar a confiança dos veterinários, resistentes num primeiro momento.

“Fizemos um trabalho de formiguinha, levando amostras aos veterinários, até que eles percebessem que nossa empresa era uma boa alternativa para medicar animais. Eu encerrava alguns dias de trabalho chorando, mas fomos em frente”, diz a farmacêutica paranaense. A rede se compromete a entregar os medicamentos até 24 horas após receber a prescrição médica.

Regulamentação. O controle da qualidade dos medicamentos é exercido pelo Ministério da Agricultura. Fiscalizar medicamentos manipulados para animais era uma atividade não prevista na legislação e o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) fez nascer a Instrução Normativa número 11, de 2005, especialmente movido pelo advento da DrogaVET.

O tamanho do mercado é bastante alvissareiro. Pesquisa divulgada pelo IBGE em junho de 2015 demonstra que os cachorros estão presentes em 44,3% dos domicílios brasileiros, o equivalente a 28,9 milhões de lares. A média é de 1,8 cachorro por domicílio, o que perfaz uma estimativa de 52,2 milhões de dogs. Os gatos são 22 milhões, segundo a mesma pesquisa.

Os números evidenciam que há mais cães do que crianças no Brasil. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) indica que, em 2013, havia 44,9 milhões de crianças de 0 a 14 anos.

Os franqueados que queiram se embrenhar nesse mercado devem desembolsar R$ 250 mil caso queiram possuir uma unidade compacta, de 70 metros quadrados. A unidade padrão, de cem metros quadrados, requer investimento de 350 mil. O financeiro vem a partir dos 30 meses de funcionamento, em média.

 

 

Fonte: Portal Estadão