Em 2019 os brasileiros gastaram R$ 121 bilhões nas farmácias. Desse total, R$ 84 bi foi com medicamentos. O restante foram produtos para higiene pessoal, bem-estar, cosméticos e demais produtos vendidos nas chamadas “drugstore”. Com esse volume de vendas no ano passado, o faturamento das farmácias cresceu 7,6% em relação à 2018.
Os dados são do Estudo de Mercado Institucional da IQVIA, analisados pela Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar). A estimativa para 2020 é de que o crescimento seja de 10% sobre 2019. Ainda de acordo com o levantamento, 30% dos medicamentos vendidos são aqueles que não precisam de prescrição médica.
Na opinião do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Pernambuco (Sincofarma-PE), Oséas Gomes, o setor de farmácias tem crescido por causa da incapacidade dos governos em oferecer saúde à população. “O que mais se vê são pessoas em busca de medicamentos nas farmácias públicas. Se elas não encontram precisam comprar. É uma questão de vida ou morte. Enquanto os governos não oferecerem saúde de qualidade, o setor irá crescer”, analisa Gomes.
Proliferação das farmácias no Recife
Em Pernambuco há cerca de 3 mil farmácias, que empregam em torno de 30 mil pessoas. Ainda segundo o Sincofarma-PE, diferente do que se imagina, 75% desse total são farmácias de pequeno porte, localizadas nos subúrbios das cidades. As grandes redes ficam localizadas nos principais corredores das cidades (e têm preferência pelas esquinas) por isso parecem estar em maior volume.
Para se ter ideia da concentração de farmácias, somente o Recife tem aproximadamente 720 desses estabelecimentos, o que significa uma drogaria a cada 2.083 pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que essa relação seja de uma para 8 mil habitantes. Somente a rede Drogasil, que chegou em Pernambuco em 2014 e virou motivo de diversos memes por sua forte presença, conta com 63 lojas no Estado, sendo 44 lojas no Recife.
O presidente da Febrafar, Edison Tamascia, pontua que para sobreviver neste mercado, é preciso ter qualidade de atendimento, preços competitivos, produtos diversificados e credibilidade. “Você tem três grande drogarias no mesmo quarteirão, então o consumidor precisa encontrar tudo isso no mesmo lugar, ou procurará o concorrente”, diz Tamascia. O presidente da Febrafar ainda citou os casos da Farmácia dos Pobres, Big Ben e Farmácia do Trabalhador como exemplos de grandes grupos de não souberam entender as mudanças do mercado de drogarias. “O fato de ser um negócio crescente não significa que tem espaço para todo mundo. É preciso se adequar. Dificilmente as farmácias vendem somente medicamentos”, comenta Tamascia.
A proliferação de grandes farmácias, inclusive, criou no imaginário popular que esses estabelecimentos servem para mascarar crimes como lavagem de dinheiro. Na opinião da a advogada tributarista Nayara Lima, que atua na Martorelli Advogados, dificilmente essa “acusação” teria procedência. O setor de medicamentos é fortemente regulado e fiscalizado, o que diminui as chances de cometimentos de delitos financeiros.
“Esse tipo de negócio é muito mais complexo do que se imagina. Estima-se que 33% do preço do remédio seja imposto. O fato de as farmácias venderem outros produtos e até oferecerem serviços faz o negócio ser fiscalizado por diversos órgãos”, explica Nayara.
Remédios mais caros em abril
Os preços dos medicamentos são reajustados uma vez por ano, sempre em 1º de abril. Os valores são regulados através da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, ligada à Anvisa. O percentual dos reajustes só é divulgado no dia 31 de março, mas o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) já fez uma simulação de quanto será o aumento em 2020 e estima que o reajuste médio que em torno dos 4%. A conta leva em consideração três fatores comuns ao mercado e o IPCA (fixado em 4,33%).
Fonte: JC Online