Desde jovem, Maicon Alves trabalhou junto ao pai revendendo equipamentos para área hospitalar. Nesta rotina, visitando consultórios e clínicas médicas, ele percebeu uma oportunidade de iniciar seu próprio negócio. Em 2016, bem antes de acontecer o boom do e-commerce, Alves criou o Portal do Médico, um marketplace focado na venda de produtos para o setor de saúde. Em 2021, a empresa teve faturamento de R$ 7,2 milhões.
No início, diz Alves, o propósito da iniciativa era ajudar seu pai e outros revendedores que tinham altos custos para visitar consultórios médicos na tentativa de vender equipamentos. “Não fazia sentido gastar gasolina e pagar hotel para visitar clínicas sendo que outros revendedores faziam a mesma coisa, só mudava a pasta de produtos. Podia fazer 600 quilômetros e às vezes não vendia nada”, relembra Alves.
Na procura de soluções para economizar tempo e dinheiro, ele conversou com 30 revendedores, pegou seus portfólios de produtos oferecidos e colocou em um site. “Eu criei um catálogo online com 200 itens. O médico ou profissional de saúde podia acessar o catálogo online, sem a necessidade de um representante visitá-lo”.
Depois de um ano, mais representantes de empresas e médicos passaram a querer anunciar e comprar na plataforma. “Nos primeiros anos, meu pai fez R$ 1 milhão em vendas. Tudo sem sair de casa, sem ter gasto de logística, só despachando os produtos”, diz Alves. Com o crescimento rápido, ele fez uma rodada de investimento e, com a captação dos recursos, melhorou a estrutura do site.
Para Alves, o grande diferencial que atraiu clientes foi ter sido um dos primeiros a ofertar linhas específicas de equipamentos de saúde. “Hoje, vários fornecedores já usam o Mercado livre e B2W. Neste aspecto, temos concorrentes, mas nós somos muito específicos em nossas linhas de produtos, vendemos desde instrumentação cirúrgica até aparelhos de ressonância que custam de dois a três milhões de reais. Já montamos um bloco cirúrgico inteiro”, afirma o empreendedor. Além disso, diz ele, todos os produtos são fiscalizados antes de entrarem no portal, com registros e aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A empresa faturou R$ 7,2 milhões em 2021 e no primeiro semestre de 2022, superou essa quantia, chegando a R$ 7,4 milhões. O faturamento é composto por comissões com vendas do portal. “Nós trabalhamos com uma comissão de 19%. Então, o fornecedor entra na plataforma, anuncia o produto e sabe que 19% do valor anunciado fica retido”, explica Alves. Segundo ele, 5% das vendas correspondem a 90% do faturamento, pois são as categorias de produto de alto custo. O tíquete médio é de R$ 2.650. Atualmente, o marketplace conta com mais de 1,250 clientes, sendo 98% laboratórios, redes de hospitais e clínicas no modelo B2B. A expectativa da empresa é chegar a 4,5 mil novos clientes ainda neste ano.
Para consolidar esse crescimento, foram fechadas novas parcerias, sendo a mais recente com a Vivo, que tem 70 mil clientes da área de saúde cadastrados. Além da operadora, o portal tem parcerias com redes de clínicas como Boa Consulta e Docctor Med. Até dezembro, a expectativa é faturar R$ 18,5 milhões.
Além disso, com objetivo de desenvolver ainda mais a tecnologia por trás do marketplace e aumentar o quadro de funcionários de 19 para 40, a empresa está preparando uma nova rodada de investimento para o final do ano. Com dois escritórios distribuídos em São Paulo e no Rio Grande do Sul, a empresa também planeja construir um centro de distribuição no longo prazo.
Reprodução: Pequenas empresas & Grandes negócios (Portal Rede Globo)