Nos Estados Unidos, 72% dos médicos afirmaram receber algum benefício da indústria farmacêutica. O dado é de uma pesquisa divulgada na última sexta-feira (19) feita com clínicos da faculdade de medicina da Universidade de Harvard.
O Instituto de Política de Saúde e Prática Clínica da Universidade de Dartmouth entrevistou 1.500 médicos sobre a prática de receber medicamentos de laboratórios de graça, refeições oferecidas por empresas, brindes como canetas, cadernos e camisetas, pagamento por serviços de consultoria e reuniões, ingressos para eventos, entre outros benefícios.
O estudo descobriu que 55% dos entrevistados receberam amostras de medicamentos e 48% ganharam refeições e bebidas dentro do local de trabalho ou fora. Apenas 8% ganhou pequenos presentes.
Segundo os pesquisadores, os números da pesquisa com médicos de Harvard são menores do que os obtidos em uma pesquisa nacional feita em 2009 sobre os mesmos privilégios. Houve redução no oferecimento de refeições e ingresso para eventos culturais. Na pesquisa nacional, 75% afirmou receber tais benefícios contra 42% entre os médicos de Harvard.
O que a pesquisa revelou foi que, apesar de ter caído o número de médicos que recebe benefícios da indústria farmacêutica na última década, ainda há relatos da prática.
“Isso é preocupante quando consideramos que o recebimento de amostras gratuitas de remédios, que está entre as práticas mais reportadas, já foi relacionado à prática de prescrição de remédios de marca, que são mais caros do que os genéricos”, afirma Lisa Schwarts, professora de Dartmouth e uma das autoras da pesquisa.
Desde 2013, a agência ProPublica divulga pagamentos recebidos por médicos de empresas farmacêuticas. Os dados são públicos por causa de uma uma lei que obriga as empresas a declarar pagamentos a médicos nos Estados Unidos.
As informações sobre a relação dos médicos americanos com o setor farmacêutico são publicadas na plataforma Dollars for Docs.
Os dados mais recentes são de 2016 e revelaram que a indústria pagou 15,8 milhões de dólares a médicos em palestras, consultorias, refeições de negócios e viagens para falar sobre medicamentos opioides (que são remédios analgésicos fortes, como morfina).
Fonte: Exame