Medicamentos devem aumentar 3,4% em abril, estima setor

Reajuste oficial será divulgado pelo governo no dia 31 de março.

BRASÍLIA E SÃO PAULO- O brasileiro vai gastar mais na farmácia a partir de abril. Os medicamentos devem subir, em média, 3,4% nas contas da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Os cálculos ainda são preliminares, porque foram feitos com as estimativas para a inflação do mês de fevereiro, já que o índice ainda não foi divulgado oficialmente.

A pedido do GLOBO, o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito, calculou que, se a projeção do setor estiver correta, o impacto do aumento na inflação de abril deve ser de 0,12 ponto percentual. O Ministério da Saúde, responsável por autorizar o aumento, disse que o percentual de reajuste oficial será divulgado no dia 31 de março. A alta entrará em vigor no início de abril.

— É uma inflação ruim, mas que poderia ter sido pior se o real não tivesse se apreciado, uma vez que muitos dos insumos são importados — comentou o analista. — Não vai pesar tanto no bolso do consumidor quanto no ano passado, quando esse grupo subiu 12,48%.

Os medicamentos têm os preços controlados pelo governo, que faz um cálculo para definir cada reajuste. No ano passado, o governo autorizou um aumento de 12,5% (exatamente a conta da Interfarma). ALTAS 2007. 1,49% 2008. 3,18% 2009. 5,90% 2010. 4,60% 2011. 4,69% 2012. 2,81% 2013. 4,59% 2014. 3,52% 2015. 6,00% 2016. 12,50% ACUMULADO. Fonte: Sindusfarma Foi o primeiro reajuste acima da inflação desde que a indústria passou a registrar os dados, há 12 anos. Em 2015, o IPCA havia sido de 10,36%.

Antônio Brito, presidente da Interfarma, que representa parte da indústria farmacêutica, explica que a expectativa para a alta de preços dos remédios é a média de três tipos de reajustes possíveis. Ele lembrou que há três classes de medicamentos avaliadas pelo governo: remédios produzidos num mercado concentrado, produtos feitos em ambiente de média concorrência e aqueles com alta competição. O aumento dos preços deve ficar entre 1,63% e 5% nessas três faixas de produto, o que daria uma média de 3,4%.

— Temos que ressaltar que esse reajuste fica abaixo da inflação. E, como há uma política de desconto, não significa que um aumento de “X” será um aumento de “X” para a dona Maria. O reajuste praticado pelo mercado é sempre inferior ao reajuste anunciado — diz Brito.

O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), que reúne os representantes da indústria farmacêutica, não divulga sua expectativa para o reajuste dos medicamentos. Mas o presidente da entidade, Nelson Mussolini, lembra que, apesar de terem tido um reajuste de 12,5% em 2016, os preços dos remédios ainda não foram recompostos:

— No ano passado, tínhamos o dólar alto, e houve aumentos importantes em custos como energia. Mesmo com o reajuste de 12,5%, custos não foram recompostos, já que, nos últimos dez anos, o aumento ficou abaixo ou foi igual à inflação.

Dados do Sindusfarma mostram que, entre 2007 e 2016, o reajuste dos medicamentos autorizado pelo governo foi de 61,20%. No mesmo período, a inflação oficial chegou a 79,28%. Confira as projeções do último Boletim Focus, do Banco Central

 

Fonte: Jornal O Globo/RJ