O Ministério da Saúde vai elaborar um plano para distribuir, com prioridade, milhões de medicamentos que estão prestes a perder a validade.
O almoxarifado central do Ministério da Saúde, em Guarulhos, na Grande São Paulo, tem o medicamento que tanto faz falta ao filho da editora de vídeo Vivian Andrade, em Santos, no litoral paulista. O Daniel, de 7 anos, precisa da “somatropina” para repor o hormônio do crescimento. Um medicamento de uso contínuo, que não tem substituto.
“É um remédio de alto custo. Aí pensando que existe o medicamento, e está parado lá é complicado. A gente fica sem saber o que pensar”, lamenta Vivian.
Um levantamento feito pelo Jornal Nacional a partir do relatório revela que, de março até hoje, 27 itens venceram. Entre eles: propofol, um anestésico para cirurgias; e sulfato de morfina, usado para dor intensa; vacinas contra a febre amarela, Covid e meningite; e insumos como seringas.
Na relação de vencidos, aparece a insulina análoga de ação rápida, usada por quem tem diabetes tipo 1. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia classifica a situação como preocupante.
“Ver acontecer um descarte de medicação de alto custo, que poderia estar sendo aplicado à população, que se beneficiaria dela, é sempre visto com tristeza”, diz Paulo Augusto Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Na lista, também estão insumos que vencem até o fim de junho. Só de medicamentos, são 63 tipos, incluindo alguns usados no tratamento de doenças graves e doenças crônicas. Além de 16 diferentes vacinas que rendem mais de 1,6 milhão de doses e de 14 insumos, como kits para diagnóstico de dengue e sarampo.
O Ministério da Saúde afirmou que um grupo de trabalho avalia o estoque do almoxarifado, pois o número de itens a vencer pode ser maior. O governo prepara um plano para distribuir – ainda nesse semestre – insumos e medicamentos antes que eles vençam.
“A gente, então, precisa de um plano para executar a distribuição de forma muito rápida. A estratégia de distribuição vai sair até o final de maio, alinhada com estados, municípios e também a nossa própria rede federal”, afirma Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
O ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga e o ex-presidente Jair Bolsonaro não responderam ao Jornal Nacional sobre o relatório.
Fonte: Guia da Farmácia