Organização já prepara protocolo com diretrizes para eventual distribuição
A Organização Mundial da Saúde (OMS) espera que centenas de milhões de doses da vacina contra o coronavírus possam ser produzidas ainda este ano e outras 2 bilhões de doses até o final de 2021, afirmou nesta quinta-feira a cientista-chefe da organização Soumya Swaminathan. Otimista, a organização também está elaborando diretrizes para ajudar a decidir quem deve receber as primeiras doses assim que a vacina for aprovada.
A prioridade, anunciou a cientista, deve ser dada a trabalhadores da linha de frente, como médicos, que seriam os primeiros a serem vacinados, seguidos daqueles que são vulneráveis por causa da idade ou de outras doenças e os que trabalham ou vivem em ambientes de alta transmissão, como prisões e casas de repouso.
– Estou esperançosa, sou otimista. Mas o desenvolvimento de vacinas é um empreendimento complexo, com muita incerteza – afirmou. – O bom é que temos tentativas de muitas vacinas em diferentes plataformas; mesmo que a primeira falhe ou a segunda falhe, não devemos perder a esperança, não devemos desistir.
Cerca de 10 vacinas em potencial contra o novo coronavírus já estão sendo testadas em humanos. Diversos países já começaram a fazer acordos com empresas farmacêuticas para pedir doses.
OMS fala sobre a vacina para a Covid-19
Além disso, Swaminathan descreveu ainda a meta de se conseguir uma vacina no fim do ano ou em 2021 como otimista. Ela acrescentou que os dados de análise genética coletados até o momento mostram que o novo coronavírus ainda não sofreu mutação capaz de alterar significativamente a gravidade da doença que causa em humanos.
O site G1 publicou também que a cientista foi questionada, durante coletiva de imprensa, sobre o uso da hidroxicloroquina para tratar a Covid-19. Os ensaios clínicos da OMS com a substância foram suspensos, pela segunda vez, depois de os especialistas concluírem que o uso dela não trouxe benefícios contra a doença.
No Brasil, a droga continua sendo recomendada pelo Ministério da Saúde. Nesta semana, a pasta inclusive ampliou a orientação de uso da substância, para incluir grávidas e crianças. Swaminathan reiterou que está claro que ela não reduz a mortalidade de pacientes hospitalizados com a Covid-19, mas afirmou que ainda existe uma lacuna sobre o papel desse tipo de medicamento para prevenir a infecção ou minimizar a gravidade da doença num estágio inicial.
A cientista-chefe lembrou, ainda, que os ensaios “Recovery”, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, também não viram benefícios no uso da droga contra o novo coronavírus. Swaminathan deixou claro que países, incluindo o Brasil, têm a liberdade de decidir seus protocolos, mas frisou que eles devem ser baseados em evidências científicas.
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Fonte: Globo online