As farmácias de Santos, no litoral de São Paulo, ergueram cartazes sobre a falta de Ozempic. Segundo a fornecedora do remédio, a falta de estoque acontece em todo o Brasil por conta da demanda maior que a prevista.
Popularmente conhecida como ‘canetinha’, a medicação foi desenvolvida para diabetes, mas passou a ser indicada para obesos e, com o tempo, tornou-se uma ‘aposta’ para a perda geral de peso.
Semaglutida
O Ozempic possui a semaglutida como princípio ativo e foi desenvolvido para tratar diabetes tipo 2, regulando os níveis de açúcar no sangue e diminuindo o risco de doenças cardiovasculares. A substância passou a ser usada para perda de peso porque oferece saciedade por um longo período.
Conforme descrito em um aviso colocado em uma farmácia no bairro Gonzaga, o medicamento estava com “abastecimento irregular, sem previsão de normalização”. O comércio orientou que o paciente procurasse um médico para a mudança para um outro remédio.
Em nota ao g1, a Novo Nordisk, fornecedora responsável pelo Ozempic, informou que o comunicado sobre a disponibilidade intermitente do remédio ao longo de 2024 ainda é válido para este ano. A empresa afirmou que o produto não será descontinuado porque não há problemas regulatórios ou de qualidade.
“Dada a complexidade envolvida na cadeia de distribuição de medicamentos a nível nacional, é esperado que o estoque do produto no mercado se restabeleça de forma gradual e não de imediato, uma vez que a disponibilização do medicamento compreende etapas que não podem ser aceleradas”, destacou a fornecedora.
Impacto
O endocrinologista e metabologista José Marcelo Natividade explicou que o uso de Ozempic para emagrecimento contribui para a escassez do medicamento, afetando pacientes diabéticos. “Essa situação levou a uma preocupação ética e sanitária no abastecimento”, afirmou.
Já o médico Renato Lobo, pós-graduado em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e Medicina Esportiva, acredita que a principal causa do desabastecimento seja a venda sem receita. “Quem está emagrecendo, com orientação médica, também está ganhando saúde”, disse.
Natividade destacou que não é permitido comprar Ozempic sem prescrição médica. No entanto, de acordo com o profissional, relatos indicam que algumas farmácias façam a venda irregular do remédio, oferecendo um risco à saúde pública e ao uso responsável da substância.
Importância
De acordo com Natividade, o medicamento para pacientes diabéticos, principalmente idosos, é essencial para evitar picos de glicemia, reduzir o risco de doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida.
Para quem tem diabetes tipo 2, o nutrólogo Renato explicou que a falta do Ozempic pode levar ao descontrole da glicemia e ao ganho de peso, além de consequências como a hipertensão arterial, infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Outras opções
Para que o paciente não interrompa o tratamento, o aviso da farmácia citou outros medicamentos com o mesmo princípio ativo, a semaglutida. Sendo eles:
Os especialistas ouvidos pelo g1 destacaram que a alteração de medicamento pode acontecer tanto para pacientes diabéticos quanto aqueles que buscam emagrecer. Apesar disso, como qualquer mudança de remédio, é de extrema necessidade a orientação e avaliação de um especialista.
“Embora relacionados, a dosagem e o propósito variam entre eles ”, destacou Natividade. “Tem um modo de uso diferente, um uso diário. O Wegov atinge dosagens diferentes, então só tem que ter uma noção da dosagem correta”, acrescentou Renato.
A fornecedora, inclusive, destacou que a intermitência do Ozempic não afeta a disponibilidade de Wegovy e Rybelsus. “Lembrando que a Novo Nordisk não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off-label de seus medicamentos”.
Fonte: g1