Maior fabricante do mundo de tratamentos contra o câncer, a farmacêutica Roche está iniciando uma nova fase no país. Ao mesmo tempo em que a Roche Farma Brasil foi promovida ao grupo seleto de oito países que se reportam diretamente à matriz, na Suíça, a presidência local passou a ser ocupada pelo executivo suíço Patrick Eckert, que estava à frente da diretoria de oncologia e hematologia no país. “É uma chance para a matriz compreender melhor os desafios e oportunidades do mercado brasileiro”, disse Eckert ao Valor. Antes da mudança, a Roche Farma Brasil estava sob o guarda-chuva da crescer “um dígito alto” em 2018
América Latina e o diálogo com a sede não necessariamente ocorria de forma direta. Com foco em inovação, a farmacêutica está no país há 87 anos e teve vendas de R$ 3,1 bilhões no ano passado. O aumento do portfólio de medicamentos de inovação teve papel fundamental para a expansão dos negócios com ritmo superior ao do mercado farmacêutico nacional, o sexto maior do mundo.
O ano em curso tem imposto mais desafios, com a maior concorrência entre as farmacêuticas. Ainda assim, o desempenho da operação brasileira é positivo e os planos de investimento estão sendo cumpridos. Em 2015, a multinacional anunciou que aplicaria R$ 300 milhões em cinco anos para modernizar a fábrica de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, capacitando-a a produzir medicamentos em escala global. O projeto segue em curso e, em 2018, os desembolsos totalizam R$ 40 milhões.
Para 2019, a meta é dobrar o volume de lançamentos, com oito produtos, incluindo ampliação de linhas e duas novas moléculas, para tratamento de câncer de pulmão e linfoma. “2017 foi um ano recorde e dificilmente conseguiremos replicar o crescimento de 18,5%, mas ainda assim vamos crescer de forma significativa em 2018”, afirmou Eckert.
A expectativa é encerrar o exercício com “um dígito alto” de expansão nas vendas, e quatro lançamentos, entre os quais o emicizumabe, usado no tratamento da hemofilia. Esse é um novo mercado para a Roche no país, assim como o de esclerose múltipla. Outras duas novidades foram o ocrelizumabe, um anticorpo monoclonal usado no tratamento da esclerose múltipla, e o atezolizumabe, para câncer de pulmão e bexiga. A farmacêutica atua na área de doenças complexas, como câncer, fibrose cística e sistema nervoso central.
Em relação ao cenário político, Eckert diz estar confortável com qualquer que seja o resultado das eleições deste mês. Logo depois de ser nomeado à presidência da Roche Farma Brasil, o executivo recebeu uma comitiva de executivos de Basileia, sede global da farmacêutica, e explicitou as razões para estar “bem tranquilo” quanto à sucessão no país, sobretudo por acreditar que educação, saúde e segurança estarão nas prioridades do novo governo. “Haverá um novo estilo, mas não será necessariamente um começo do zero. Temos diálogo aberto com o governo, no primeiro e no segundo escalão, e temos interesse em continuar conversando”, afirmou.
Filho de mãe suíça e pai mexicano, Eckert, de 45 anos, nasceu na Suíça mas morou até os 12 anos no México, e construiu boa parte de sua carreira na América Latina. Antes de chegar à Roche, ocupou diferentes posições na Novartis.