Investidores da Anjos do Brasil fazem aporte no app Manipulaê

A Manipulaê, uma plataforma online que facilita a conexão entre pacientes e farmácias de manipulação, onde é possível enviar uma receita para cotação com até três farmácias e comparar todas ofertas em uma mesma tela, foi criada pelo administrador Thiago Colósio e o engenheiro Rafael Angelo. “Ela é online e gratuita para que as pessoas façam a cotação e comprem seus produtos. Fazemos uma triagem com as farmácias para definir o nível de qualidade e só permitimos a entrada de empresas que assinam um termo de compromisso com o consumidor e que atinjam o nível satisfatório”, explica Colósio.

Como funciona a plataforma – O consumidor acessa o site da Manipulaê, envia imagem da sua receita médica que precisa cotar e preenche alguns dados, como nome, e-mail e endereço para entrega. Esse processo pode ser feito pelo celular, tablet ou computador. O sistema envia as informações para as farmácias conectadas na plataforma e o consumidor recebe as cotações dos produtos rapidamente numa mesma tela. Todo processo, da cotação ao pagamento, é feito no site Manipulaê. “O cliente consegue comprar no mesmo dia, com mais de uma farmácia ao mesmo tempo e com apenas alguns cliques. Conseguimos otimizar o valor total da compra e o tempo para realizar todo processo. Alguns clientes já relataram economia de até 40%, e redução de 3 dias no tempo que gastavam antes”, diz Colósio.

Aporte da Anjos do Brasil – De olho nesse mercado é que a rede de da Anjos do Brasil investiu R$ 525 mil na Manipulaê. “O grande potencial da startup é que ela oferece uma solução para um problema dos consumidores com uma oferta estratégica de consolidar dados de um grande mercado que é pouco explorado e conhecido”, diz Ricardo Martinho, consultor de Relações com Investidores da Anjos do Brasil.

Atuando desde fevereiro de 2017, a startup reúne 120 farmácias ativas na plataforma. Elas estão localizadas estrategicamente para atender o Sudeste do país. Com seis colaboradores, gerou R$ 80 mil em vendas para as farmácias da plataforma no ano passado, espera fechar 2018 com R$ 200 mil e estima triplicar o valor em 2019. “O crescimento em escala vai ocorrer porque, com o aporte, vamos investir 60% em equipe e melhorias na plataforma, e 40% na expansão do negócio”, explica Colósio.

O empreendedor ainda afirma que o principal desafio do setor é conectar o consumidor com boas farmácias e assim gerar mais e melhores vendas. “Nosso esforço agora está em impactar e atrair para a plataforma Manipulaê mais consumidores que buscam por farmácias de manipulação, para que possam se conectar, conhecer e comprar com as farmácias da rede online. Por isso, vamos expandir as ações de marketing e investir na experiência de compra dos consumidores, além de melhorar o sistema de atendimento para que as farmácias possam vender mais, com menos esforço”, conta o fundador.

Apetite do investidor em 2017 – O investimento-anjo aportou R$ 984 milhões nas startups em 2017, segundo a Anjos do Brasil. O valor é 16% maior quando comparado a 2016, mas bem abaixo à média do mercado americano. Lá, as startups costumam receber cerca de US$ 82 mil — aproximadamente R$ 330 mil. Por aqui, de acordo com a entidade, há capacidade de chegar a R$ 9,4 bilhões em aporte por ano – 9,5 vezes mais que o investimento atual.

Para Maria Rita, diretora-executiva da Anjos do Brasil, a explicação é simples. “Os investidores investem menos do que eles poderiam porque lhes falta tempo para se envolver em um projeto e por ser uma modalidade um tanto desconhecida. Para colocar dinheiro, eles precisam estar seguros e munidos de informações assertivas sobre a startup, como valuation, indicadores de processos e resultados, que venham a demonstrar o quão sólido e escalonável pode ser um determinado negócio”, explica.

Nova metodologia – É neste cenário que a rede de investimento-anjo elaborou um método para investimento de 14 semanas. Atualmente este tipo de investimento pode chegar a demorar até sete meses. A rede atrai bons projetos por meio de seu site e os selecionados passam por um processo de mentoring. “São sete semanas que Anjos do Brasil e o empreendedor trabalham juntos. Analisamos os indicadores do negócio, performance da empresa e melhorias em apresentações, fazemos uma avaliação de perfil empreendedor dos sócios e uma due diligence inicial”. Também mostramos ao empreendedor àquilo que o investidor gosta de ver para ter segurança naquilo que ele vai investir”, explica Martinho, da Anjos do Brasil.

Feito isso, os interessados levam de seis a oito semanas para analisar Term Sheet, contrato e aportes. “A média do mercado de investimento anjo é de sete meses porque, por não ter tempo para se envolver ou ficar com muitas dúvidas, o investidor fica inseguro para aportar num determinado negócio. Desse modo, não é apenas um empreendedor que precisa de dinheiro para atuar num determinado negócio, é a junção da experiência do empreendedor com o smart money de investidores. No fim há o valor sobretudo deste fechamento acontecer sob o olhar de um investidor experiente que analisa, formata e media as negociações. É um double check e, por isso, uma metodologia que oferece um investimento mais sólido e confiável”, explica Ricardo Martinho.

Deu certo – “A metodologia da Anjos do Brasil facilitou a captação do investimento porque negociamos pontos fundamentais para conseguirmos o aporte, como o valuation e dados da empresa. O que a gente sempre ouve, como empreendedor, é que o processo de negociação com investidores é muito traumático, mas nesse modelo não foi assim. São detalhes tangíveis que fazem a diferença, dando o direcionamento correto da apresentação e do material que disponibilizamos. A mentoria é ótima para entender o que passa na cabeça do investidor, quem está do outro lado, e focar em apresentar informações que realmente importam para esta audiência”, conta Colósio, da Manipulaê.

Para Maria Rita o resultado não poderia ter sido outro. “Resolvemos duas angústias: a do empreendedor que precisa do aporte com certa urgência para não perder oportunidade no seu negócio, e a do investidor, que precisa se sentir mais confiante para apostar seu dinheiro em uma ideia”, afirma a executiva.