Abrafarma tem confiança no varejo farmacêutico

A tendência é que os profissionais voltem a assumir papel importante no setor, cuidando da saúde pública, não somente de medicamentos, mas da prevenção de doenças

Antes mesmo de existirem as farmácias físicas, em lojas, já havia a figura do boticário. Respeitado nas cidades, ele exercia uma função de conselheiro de saúde para tratar enfermidades mais leves. Somente no fim do século XIX, o título de farmacêutico ganhou notoriedade. Depois de anos atrás do balcão, esses profissionais têm voltado a assumir o protagonismo no varejo.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sergio Mena Barreto, a tendência é as farmácias buscarem uma aproximação maior dos clientes, tentar humanizar o atendimento e assumir uma função mais importante na saúde pública. A entidade engloba as 24 maiores redes varejistas do segmento. “O que está acontecendo no mundo inteiro, e também no Brasil, é introduzir a farmácia como porta de entrada no setor de saúde”.

Para Barreto, a facilidade tecnológica também permite que hoje possam ser realizados exames e um acompanhamento mais perto de pacientes. Em praticamente todos os bairros, há pela menos uma farmácia, pequena ou grande. Por isso, entre os profissionais de saúde, o farmacêutico é o que está fisicamente mais próximo dos pacientes. “O doente crônico vai 30 vezes por ano na farmácia. É possível controlar a doença com o farmacêutico. Essa ação de acompanhar o paciente ele tem de ser remunerado. Acreditamos que a farmácia vai mudar enormemente o fator de risco, prevenção e acompanhamento”.

A legislação tem facilitado o engajamento dos farmacêuticos. Agora, as lojas podem aplicar vacinas, o que antes era em laboratórios, postos de saúde ou hospitais. Além disso, as farmácias são abundantes e não costumam ter filas.
Segunda maior rede de farmácias do Brasil em faturamento (R$ 6,3 bilhões em 2017) e em número de lojas (1.163), a cearense Pague Menos tem apostado no atendimento personalizado. O conceito de Clinic Farma engloba uma série de serviços, na maioria gratuitos, ou de baixo custo, como medir pressão, aconselhar sobre interações medicamentosas, realizar testes de glicemia.

“Temos próximo de 800 lojas com área reservada para o farmacêutico prestar um serviço para a população em geral. Algumas décadas atrás o papel do farmacêutico era maior. As famílias pediam o atendimento. Agora isso está voltando e a Abrafarma está nessa cruzada para possibilitar o farmacêutico a prestar o papel que ele foi formado”, diz o diretor financeiro e relações com investidores da Pague Menos, Luiz Novais.

Números
94,3%é a taxa de ocupação do profissional de Farmácia no mercado de trabalho. Segundo levantamento “Perspectivas Radar: Perspectivas Profissionais”, do Ipea (2016), Farmácia está entre os dez primeiros lugares no ranking de taxas de ocupação entre as diversas profissões de nível superior
100 novas resoluções foram aprovadas nos últimos seis anos. Elas têm permitido aos farmacêuticos atuar em áreas nunca antes imaginadas, como a floralterapia, a estética, a perfusão sanguínea etc

Cenário

PACIENTES
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 50% das pessoas abandonam o tratamento depois de seis meses. Os pacientes tendem a sentir menos os sintomas de doenças crônicas e param de tomar medicação. A interrupção para doenças como hipertensão e diabetes pode ter consequências graves como perda de funções renais e surgimento de gangrenas. A Abrafarma afirma que quer atuar para reduzir esses números com a relação entre farmácia e farmacêutico.

PAGUE MENOS
A cearense Pague Menos é a única rede de farmácias presente em todos os estados da federação e distrito federal. O negócio cearense possui 177 lojas no Estado e emprega mais de 3 mil pessoas. Com menos de 40 anos do início das operações, a rede compete por espaço com concorrentes de São Paulo, como o grupo Raia Drogasil, maior rede em faturamento e número de lojas no Brasil.

CRESCIMENTO
Mesmo diante da crise econômica no Brasil, que viu negócios fecharem as portas, o varejo farmacêutico manteve o crescimento, sobretudo das maiores redes de farmácias. O número de unidades segue aumentando nas esquinas de pequenas e grandes cidades. As farmácias de bairro, no entanto, sofrem com a perda de espaço no comércio, apesar de ainda representarem 90% dos pontos de venda do segmento.

Fonte: Portal O Xereta